domingo, 29 de novembro de 2009

Água escura e fria
Pedra, musgo e cachoeira
Figuras na rocha
Planícies e silêncio
Brisa da tarde nos gerais

Mar de calcário
Laje em forma de altar
Encostas, escarpas e totens
Complexo de rios
Areia lavada e seixos

Planta em chão agreste
Sempre viva em seus campos
Flor na delicada dureza
Grito da araponga

Lugar onde sempre estive
Mundo real sem luz nem cimento
A vida como ela sempre foi
Vales esquecidos dos iluminados

Sol e lua
Natureza
Eu dentro dela e ela dentro de mim
Ser natural
Respirar é preciso
Há!. como é bom estar aqui!

Robson Torres (Chapada Diamantina)

Musica que ouvi e me vi (Bienal - Zeca Baleiro)

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta

Meu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
Recalcado da revalorização da natureza morta

Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone"

Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno

Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana

Com a graça de Deus e Basquiat
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana

Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina

Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

Nota do editor

Irmãos e irmãs cósmicos

Graças a São Google resolvi ouvir minha pulga de estimação fazendo finalmente um blog, apôis!!, Enfim um espaço de elocubrações terapêuticas, curiosidades e de retratos distorcidos..outros nem tanto deste bando de átomos manifesto inqueto e incrédulo às portas do seu trigésimo terceiro verão.
Eis um espaço de liberdade e comunhão...os trangressores também serão bem vindos.


Um xêro e um queijo a todos(as)